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Viagem Espanha-Itália


Obviamente que eu não deixaria de relatar aqui – neste blog tão querido quanto abandonado – a minha viagem à Espanha com uma breve passagem pela Itália. Só não fiz isso antes porque, depois de ter descansado e me decidido a escrever, descobri que o meu laptop foi atacado por formigas atômicas, logo depois de ter mandado dedetizar minha casa. Que abuso!

Viajei no dia 8 de novembro, e em geral o voo até Madri foi bem tranquilo. Assustador mesmo foi só o pedaço em que o avião passou por uma turbulência tão forte que o avião pendeu para os dois lados, e uma espanhola no voo gritou por uns dois minutos “Madre de Dios! Madre de Dios”. Claro que depois disso pegar os outros seis aviões da viagem (!) não seria mais a mesma coisa...rs.

Cheguei em Madri no dia seguinte, bem no feriado de Santa Albudena (algo assim). Ou seja, a cidade estava um deserto. Com isso acabei tendo a impressão de que Madri era um pouco triste, ainda mais porque o país está no outono. Mas foi só a primeira impressão.

Chegando no hotel, o que descubro? Que minha bagagem havia sido extraviada. Pensei em culpar a Gol por isso, mas não por ser uma empresa brasileira. É que entre uma escala e outra, houve pouco tempo para mudar de avião. Daí...Fiquei preocupada, porque essas viagens a gente acaba fazendo com o dinheirinho meio contado (rs). E se eu tivesse que comprar roupas, teria de deixar de gastar em várias outras coisas legais. Fiquei levemente tensa, mas como estava em clima de viagem decidir não me preocupar tanto e passear pela cidade.

Foi muito fácil a minha estadia em Madri, porque escolhi um hotel super bem localizado. Eu estava perto da Estação Príncipe Pio, ao lado do centro histórico e em frente ao Palácio Real. Do meu hotel eu ainda pegava um ônibus que me deixava simplesmente na porta da Estação de Atocha, que tem os trens para os arredores de Madrid. Se algum dia forem passear na Espanha anotem a dica: Hotel Príncipe Pio. O atendimento também é maravilhoso, um dia até me emprestaram um guarda-chuva para eu passear (rs).

No segundo dia, antes mesmo da minha mala chegar, decidi comprar uma passagem daqueles ônibus turísticos. Fui contra a regra eduardiana de passeio barato, mas acho que valeu a pena (rs). Esses ônibus deixam a gente nos principais destinos turísticos, o que facilita muito. A gente não precisa se preocupar em procurar as atrações, e o ônibus passa de dez em dez minutos. Os inconvenientes são o preço – 24 euros por dois dias -, o fato de demorar a começar a passar (o primeiro só passou por volta das 11 horas onde eu estava) e de terminar cedo (por volta de 19 horas na baixa temporada). Mas acho que as vantagens compensam os incovenientes.

No primeiro dia visitei o Museu de La Reina Sofia, com o propósito mais específico de ver Guernica, de Picasso. Realmente um quadro impressionante. Mas o acervo é do museu é basicamente de arte contemporânea, coisa que, por mais que eu me esforce, eu não consigo gostar muito (queria taaaanto não ser assim...rs). Aí rapidinho eu peguei outro ônibus rumo ao Museu do Prado. Ali sim, um lugar onde eu até poderia morar lá dentro. Quadros lindos, que estão no meu livro de arte preferido – um resumão de tudo, bem ilustrado. Gostei especialmente dos quadros do El Greco, que parecem emanar luz! Sério, eu vi o quadro e fiquei procurando um tempão qual era a lâmpada que jogava luz nele, até perceber que era do próprio quadro! Fiquei encantada. Depois do museu fui ao Jardim Botânico Real. Embora seja lindo, tudo que eu posso dizer é que eu já fui ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Portanto...rs.

No dia seguinte, depois de comer chocolate quente com churros (minha refeição de todas as horas, como minha pele denunciaria mais tarde), fui visitar o interior do Palácio Real. Por fora eu não dava nada para o Palácio, que é relativamente simples e cinzento. Mas por dentro ele é absolutamente lindo e rico. Só fiquei com raiva de uma coisa: dos 2,5 mil aposentos do Palácio, os turistas só podem visitar 50! Aff, que miséria (rs).

Depois peguei o ônibus rumo à Praça Mayor. E andando pra lá, andando pra cá, o que descubro? Que está do lado do meu hotel (rs). De lá fui para o bairro de Salamanca, mas de interessante só vi algumas lembrancinhas. Terminei o passeio no Templo de Debod, que é um lugar super zen, que convida a relaxar.

À noite fui ao Teatro Real assistir a ópera Pélleas et Mélindase. Meu sonho era assistir uma ópera, mas depois da experiência estou pensando em rever se gosto mesmo disso. Foi uma ópera chata até o último grau, a ponto de pela primeira vez na vida eu sentir vontade de abandonar o espetáculo no meio! A ópera era meio conceitual, tudo em preto e branco, com atores que nem se encostavam...Ah, não dô conta disso não...rs. As pessoas podiam parar de querer ser tão conceituais..hehee.

No dia seguinte peguei um ônibus para a Estação de Atocha para viajar para Toledo, a 90 quilômetros de Madri. De trem não foram mais que 50 minutos. Toledo é uma cidade linda, daquele estilo medieval que eu adoro. Nunca superei as histórias das princesas da Disney na minha vida..hehe. Fiquei passeando por lá a tarde toda, descobrindo todos os cantinhos dela (porque eu não tinha um guia que me dissesse onde ir). A experiência de encontrar tudo assim foi ótima, mas no fim eu descobri um museu de El Greco e fiquei revoltada porque estava na hora de ir embora (comprei a passagem de volta com antecedência).

Nesse dia, ao voltar para o hotel, me deu um pouco de banzo...Mal sabia que a saudade do Rodrigo ia vir com toda força, e se instalar até o fim da viagem! (rs). Mas nada que me atrapalhasse a aproveitar os passeios, até porque já estava mesmo por lá e a Espanha é um lugar realmente lindo. Além disso fui super bem recepcionada pelos espanhóis, apesar do receio de ser maltratada. Nos meus 15 dias ninguém foi mal educado comigo, todo mundo me ajudou quando precisei e ainda por cima falei português o tempo todo, sem ninguém para se indignar comigo. Bom, né?

No outro dia viajei para Alcalá de Henares, a terra natal de Miguel de Cervantes. Viajar não é bem a palavra, porque a cidade é tipo a Trindade de Goiânia (rs). No início me deu um certo desespero porque estava tudo fechado, a cidade me pareceu feia e eu não tinha nenhuma informação. Quando já estava pegando o rumo de volta achei um balcão de informações turísticas e aí sim comecei o passeio. O centro da cidade é lindo, e ainda estava tendo uma corrida. Visitei a casa de Miguel de Cervantes, uma universidade famosa – que concede o prêmio Miguel de Cervantes – e um teatro, além de ficar andando pra lá e pra cá.

Na segunda-feira peguei o avião de novo, dessa vez para ir para Milão. A Itália não tinha absolutamente nada a ver com o passeio, mas quando a gente está na Europa tudo é tão fácil (rs). Inventei uma desculpa para mim mesma de que ir ao Teatro Scala era o sonho da minha vida, e embarquei. Achei a cidade linda, e mais uma vez fiquei super bem localizada, bem pertinho do Duomo. O Duomo aliás é lindo, mas foi invadido por vendedores do estilo dos do Pelourinho. Irritante. Contra minha vontade aprendi a ser grosseira, porque senão eu estaria perdida!


Em Milão conheci o Duomo, o Teatro Scala, a Galeria Vitorio Emanuele, o Palácio Real e o Castelo Sforzesco. No Palácio Real estava acontecendo uma exposição ótima de uma artista barroca chamada Artemísia. Entrei por engano, achando que estava comprando o ingresso para conhecer o Palácio – que, por acaso, podia ser visitado de graça...rs. Mas tudo bem, a exposição era boa mesmo.

À noite fui ao Teatro Scala ver o concerto de Anja Harteros, e foi simplesmente lindo. O teatro é maravilhoso, eu fiquei mega bem localizada – sozinha, numa espécie de camarote – e a voz da cantora era tudo! Deu até vontade de chorar...Ainda bem que compensou um pouco a má experiência com a ópera.

Apesar de não falar italiano, inglês, niente, até que me saí bem em Milão. Além de usar bem a linguagem dos sinais, nas situações mais difíceis usei o Google Tradutor ou o Google Eduardo (rs). Para resolver o problema do meu ingresso do Scala – que chegou em casa quando eu estava viajando -, usei a tradução do Eduardo, anotei no papel e dei para o cara ler. Simples, né?

Na viagem a Milão aproveitei para tirar o escorpião do bolso – não sei porque as pessoas amam usar essa expressão para mim! – e comprei bons presentinhos para mimar o Rodrigo, porque ele merece. Afinal de contas me “deixa” viajar sozinha, e ainda dá o maior apoio. Tem como não amar?

De Milão fui para Barcelona, a cidade que mais bombou no meu Facebook. Queria dizer a vocês que foi minha cidade preferida, mas não foi...rs. Quer dizer, eu gostei muito de lá, muito mesmo, ela é linda, mas é tão, tão moderna. E gosto tanto de velharia! (rs). Mas Barcelona tem Gaudí, o que deixa tudo realmente muito bonito. Quanta coisa linda ele fez! Não só a Sagrada Família – que falta tanto para terminar -, mas o Parque Güel, que beleza de lugar.

Fiquei em um albergue ótimo indicado pelo Eduardo, o Garden House. O pessoal é atencioso, é fácil enturmar com as pessoas – embora esse não seja o meu forte. Fiquei num quarto com mais dois rapazes (disso eu não gostei muito, por mais que eles fossem educados e nem roncassem). Lá eu conheci um moço dos EUA e uma menina da República Tcheca (acho que os dois estavam flertando). Como não falo inglês (que vergonha, que vergonha...), a gente acabou se comunicando pelo Google Tradutor. Ta vendo, não preciso mais estudar..hehe.

Tudo bem, esse relato está enorme. Vou encurtar. Também comprei passagem de ônibus turístico e conheci a Praça da Espanha, onde tem a estrutura dos Jogos Olímpicos de 1992 e uma bela visão da cidade. Peguei o teleférico – monga que sou só comprei a ida, imaginando de certo que na volta eu ia pular lá de cima – e terminei o passeio em Las Pedreras, de Gaudí. No outro dia passeei na Rambla, depois de ir ao Parque Güel, e andei nas Golondrinas (aquele barquinho de turista também). Confesso: sou turista bem padrão. Eu penso assim: se começou a atrair turista é porque era o que de melhor tinha na cidade. E eu não vou conhecer o que tinha de melhor na cidade? Não, eu não consigo resistir (rs).

No dia seguinte fui de volta a Madri, e confesso que passei o dia inteiro dormindo, depois de encher a banheira, derramar dois potes de sabão lá dentro e morgar por uma hora mais ou menos. Isso sim são férias (rs). No domingo enfrentei a chuva e viajei para Segóvia, também cheia de castelos medievais. Como a cidade era pequena, o passeio foi até rápido. O restante da viagem foi em ritmo lento, então nem vou contar mais. Aliás, alguém além de mim chegou até aqui? (rs). Sabem como é que é, além de contar a vocês eu também uso esse espaço para guardar as coisas de recordação (rs).

Resumo da ópera: a viagem foi realmente perfeita, aproveitei bastante e ainda aumentei minha autoestima. Primeiro não sei porque, mas os europeus me acharam bonita (rs), depois porque provei a mim mesma que sou capaz de sobreviver sozinha numa viagem, mesmo sendo ruim de mapa e um zero à esquerda em outras línguas. Foi muito bom descobrir minha coragem e minha independência, e saber que minha cara de amigável pode ter muitas utilidades além de atrair doidos (rs).

Comentários

  1. Hahahahahahahaha Tô aqui rindo à toa de você, Erika. Que viagem mais boa!! Super me identifiquei com a parte de não gostar de arte contemporânea. Olha, eu me esforço também, mas não dá pra descer, viu?
    Beijão!

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  2. Erika amei as fotos do face, amei esse post maravilhoso, amei o fato de vc ter ido, se superado e feito essa viagem acontecer, amei saber que outra pessoa, além de mim, ama a Espanha, mas não gosta tanto assim de Barcelona.
    Enfim, amei tudo! Você estava simplesmente deslumbrante em todas as fotos!
    Preciso também parabenizar meu colega Rodrigo, por liberar a namorada gata, para a viagem dos sonhos e ainda apoia-la em todas as loucuras turisticas!
    Achei tudo demais!

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  3. Que legaaaaaallll!!! Só não gostei de não termos nos encontrado na volta pra você contar tudo pessoalmente!!

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  4. Jesus Amado!!! Li o seu diário de viagem até o fim e quase perdi o fôlego! Mas teve bom... Muito bom! Que outras viagens mais longas e distantes surjam no seu caminho! :D

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  5. Adorei o seu relato do Blogger, no Gtalk e pessoalmente. Bem foi uma dessas viagens que toda pessoa deveria fazer na vida.
    E mesmo depois de ter ouvido tudo consegui ler o post e encontrar histórias que você não havia contado, rs

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  6. achei o'timo seu blog,ao contrario do que voce relatou fui ate' o final de seu relato e me encantei com suas situacoes, principalmente a o'pera,achei que tinha que ir em uma, agora tenho certeza que nao preciso..rsrsr obrigada pelas dicas e parabens pelo blog,sucessos!!!!adriana capila

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  7. It'S very nice.I like travelling to every countries.Thank your for your sharing.

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  8. Li só agora! Mas achei muito divertido. E acho que você deveria escrever mais sobre as suas viagens! eu compraria o livro!

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