Em um post muito antigo aqui neste blog, falei de como sedimentei minha percepção a respeito do equilíbrio do relacionamento com o filme Uma Rua Chamada Pecado. Nele, Marlon Brando (mil suspiros..) vive entre tapas e beijos com a mulher em Nova Orleans até a chegada da irmã dela.
Quem também viu Blue Jasmine, do Woody Allen, reparou a referência. O tiro de misericórdia para o fim do relacionamento talvez seja conhecido por muitos: alguém de fora, na ânsia de ajudar (ou não), passa a apontar todos os defeitos do amado. E isso é o bastante para afetar a paz da relação.
Depois do filme do Marlon Brando - olha como é bom ver filmes! -, passei a pensar pelo menos 20 vezes antes de dar minha opinião sobre o relacionamento alheio. Para quem está de fora ele pode parecer estranho, destrutivo, ruim, mas só quem o vivencia tem propriedade para dizer se é hora de acabar ou seguir adiante. É como minha mãe gosta de dizer: para saber qual o homem certo para você, basta pensar se é capaz de suportar os defeitos dele. Eu suporto bem o mau-humor do Rodrigo, mas não ia conseguir aguentar se ele fosse um irresponsável que não sabe guiar a própria vida.
Mais ou menos neste contexto de "só-a-gente-se-entende" , o filme Relatos Selvagens (quem não viu por favor não perca) tem uma história muito louca (a palavra é proposital) de uma mulher que descobre, durante a festa de casamento, que foi traída. É preciso ver o final para entender o propósito desta citação.
A longuíssima introdução é só para dizer como acho fascinante aprender com filmes e livros. Nem tudo vai nos salvar de algumas situações difíceis na vida - tem hora que só sentindo na pele para aprender -, mas imagino que ganhamos bem alguns anos de evolução quando prestamos atenção nas lições. Fora o quanto um filme pode ser catártico, né? Talvez a maneira mais evoluída de conter nosso ímpeto animal é vendo a barbárie nas telas (trocaria a palavra barbárie só por vingança, mas deixei ali porque sei lá...tem que goste).
Tenho certeza que avancei bem uns cinco anos de terapia só lendo Ressentimento, da Maria Rita Kehl. Esse foi um sentimento que aprendi a deixar bem lá para trás. Faltou eu ter encontrado o livro ou o filme que me ensinasse a não ser tão rígida comigo, a aprender a relaxar e não ser tão certinha-responsável. Alguma dica?
ps: já recomendei Relatos Selvagens?
ps2: você vai assistir, né?
ps3: pleaaaaaaase
ps4: obrigada, Helen, por ser leitora assídua. Te dedico o post!....hehehee
ps5: aproveita e me conta de algum filme ou livro que te fez economizar em terapia
ps6: fim de ps
Acho que tudo me ajuda um pouco porque sou autista e muitas convenções que são óbvias para a maioria não fazem nenhum sentido pra mim até hoje. Por exemplo:
ResponderExcluir* cumprimentar pessoas sem ter nada realmente relevante a dizer;
* trocar presentes;
* participar de velórios;
* fazer/frequentar festas de casamento.
Assim sendo, livros, filmes, séries e blogs me ajudam a saber como a sociedade se comporta e a me manter sintonizada com a civilização ocidental sem passar pelo enorme estresse de ter que me relacionar diretamente com as pessoas. :)