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Viagem América do Sul - parte 5: Peru

Lamentei muito mesmo ter deixado o Peru para o final da viagem, porque é um país maravilhoso e a minha bateria já estava praticamente esgotada. Mas não havia muito o que fazer. Eram muitos os destinos e um deles ia acabar sendo sacrificado mesmo.


Cheguei em Lima no dia 1º de julho ha hora do almoço e minha primeira impressão da cidade, lá do alto do avião, foi: tem cor de tijolo (rs). Depois, olhando para o céu, vi tudo tão cinza que pensei que iria chover. Mas o detalhe é que lá não chove nunca e o céu fica sempre encoberto. Que coisa, né?


A cor de tijolo e o cinza do céu, porém, não descrevem a cidade lá debaixo. Ela é cheia de construções coloridas e para mim a cor amarela gritava aos olhos. E eu ficava olhando tudo e buscando referências para um dia construir uma casa parecida. O amarelo é uma cor que amo muito.


Fiquei hospedada em um hostal super bacana chamado Pradera, bem em Miraflores. Como estava muito curiosa para conhecer a cidade acabei embarcando em um daqueles ônibus turísticos para fazer um city tour. Foi até legal porque, como não havia pesquisado nada sobre a cidade, deu para saber o que fazer nos três dias seguintes.


A única parada mais demorada do city tour foi para visitar as catacumbas da Igreja São Francisco. Além da construção amarela (!!!!) linda e cheia de azulejos, é um lugar bem curioso porque abriga muitas ossadas. E o guia disse que, antes de protegerem os ossos com vidros, os turistas gostavam de levá-los como “regalos”. Cruzes, como as pessoas são mórbidas!




No dia seguinte fui conhecer Miraflores melhor, porque é um bairro que aparece bastante nos livros do Mário Vargas Llosa, esse escritor que eu amo (e que a Lian chama de reaça, mas não consigo enxergá-lo assim!...rs). Fui até o Parque Del Amor, onde tem uma escultura enorme de um casal se beijando (nem gosto pouco...rs). O lugar é cheio de flores e mosaicos e me lembrou muito o parque Güel do Gaudí (me perdoem se o nome do parque estiver errado porque estou com preguiça de pesquisar...rs).






Do parque fui até o shopping Larcomar e na saída um taxista me abordou. Foi muito educado e tal, mas taxista em Lima é um problema. Além de pouco confiáveis ainda ficam insistindo muito para fazermos passeios com eles. Resumindo: não querem descolar. Mais tarde passaria por uma experiência muito ruim com um outro que dobrou o preço combinado só porque pedi para parar no caixa eletrônico. Queria ser superior, mas desejei uma leve trombadinha dele com um poste. Só confiei mesmo quando chamei o taxista pelo aplicativo Easy, porque eles ao menos parece que têm uma tabela de preço. Como você precisa negociar antes o valor da corrida, ficar dependendo da honestidade do taxista é um problema….


Enfim, este primeiro taxista me deixou em Huaca Pucllana, que é um dos sítios arqueológicos de Lima. E ele só resiste há tantos anos (é uma civilização pré-inca, mas bem pré mesmo: tipo uns mil anos antes...rs) porque não chove na cidade! Que loucura. O lugar é todo construído em bairro, é fascinante. O passeio guiado dura uns 50 minutos e é bem bacana.





De lá fui com o outro taxista pilantra para Barranco, um bairro pra lá de charmoso de Lima. Não, tudo que você pensou em charme foi pouco. O bairro é bacanérrimo e dizem que ferve à noite e que é um reduto de artistas. Eu já fiquei apaixonada mesmo indo fora do horário que deveria. Antes de perambular por lá almocei um ceviche delicioso com pisco. O inconveniente foi que colocaram um troço que parecia tomate no prato e mordi com gosto - só que era uma terrível pimenta! Quase morri, sério.








À noite fui com meu amigo peruano conhecer o Parque de la Reserva - das coisas legais que só quem mora lá te indica. Me diverti como uma criança, quem for a Lima não poder perder. O parque tem várias fontes diferentes de água: uma que jorra água a léguas de distância, outra dançante com luzes e música, outra em forma de túnel e, a mais legal de todas, é um labirinto onde o desafio é tentar não se molhar. Fiquei um tempão vendo esta última fonte e rindo à beça dos aventureiros. No fim fomos lanchar na Luccha, uma sanduicheria ótima em Miraflores. Fica a dica.


Meu último dia em Lima também foi acompanhada deste amigo, que me levou para conhecer o centro histórico. Caminhamos pela Plaza de Armas, pelas ruas, igrejas e museus. Depois entramos no Museu do Banco Central que tinha uma visita guiada e de graça! Vale a pena, o museu tem uma coleção incrível de objetos de vários impérios como Nasca, Inca, Chancay...E uma pinacoteca e uma coleção de artesanatos também.


No almoço meu amigo me apresentou todas as principais delícias gastronômicas do Peru. Gente, se um dia vocês forem a Lima eu empresto meu amigo, ele é muito bacana e se dispôs a receber de braços abertos meus amigos que estiverem por lá...hehee. Enfim, uma vez em Lima não percam: ceviche, leite de tigre e chicha


De lá fomos visitar San Marcos, a universidade do Mário Vargas Llosa. Estava lendo Conversa na Catedral (adivinha qual escritor?..rs), que falava da universidade e decidi conhecê-la. Encontramos um grupo de brasileiras que ficaram encantandas em ver como meu amigo falava bem o espanhol..hahaha (depois contamos que ele era peruano...rs).





Por fim terminamos o passeio com uma visita super mórbida ao Museu da Santa Inquisição. Por motivos óbvios não tenho registros dos calabouços e objetos de tortura.


De Lima segui para Cusco, essa cidade linda e maravilhosa. Cheguei por volta das 6 horas da manhã e a dona do hostal que eu ia ficar me buscou. Aliás recomendo a pousada Inka Manco Capac: fica a uns 25 minutos a pé do centro, mas é bem confortável e a dona é educadíssima. Ela me ofereceu chá de coca assim que cheguei para eu resistir à mudança de altitude e me ajudou em várias coisas.


Depois de descansar um pouco fui ao centro comprar os passeios. O primeiro que fiz foi bem light, porque a recomendação de todos é nunca se esforçar demais no primeiro dia em Cusco por causa da atitude. Tive sorte de não passar mal, mas realmente o cansaço era muito grande.


Fiz um city tour em que visitei lugares como Qoricancha (um templo inca que foi transformado em catedral pelos espanhóis), Sacsayhuaman, Qenpo, Pucapucara e Tambomachay. Gente, amo demais esses nomes. Quem me dera eu guardasse isso tudo na memória. A língua quechua é linda.









No outro dia fui conhecer o Valle Sagrado. A primeira parada foi em Pisaq, e realmente não me lembro nada do que a guia explicou (rs). É um lugar cheio de ruínas. Nessa cidade visitamos uma joalheira, onde vimos a montagem de peças de prata. Enlouqueci, porque além de ser tudo lindo era também muito barato. Acabei comprando um anel com a bandeira de Cusco e um pingente inca.


No almoço paramos em Urubamba e de lá fomos para Ollantaytambo. Aí sim um lugar espetacular, que parece uma escadaria. Fomos escalando, escalando...E no final eu já não tinha fôlego para mais nada. No retorno passamos em Chinchero para ver uma igreja. No retorno ao meu hotel um taxista muito simpático falou na língua quechua que eu era muito bonita e tinha olhos de estrela. Os taxistas de Cusco são de bem melhor qualidade do que os de Lima!..heheh








O último dia foi dedicado, obviamente, a Machupicchu. Passeio caro (100 dólares para entrar, R$ 100 dólares de passagem de trem). Mas como dizer que não compensa ver uma das maravilhas do mundo moderno? É um lugar espetacular do início ao fim. Acho que das paisagens com intervenção humana é a mais linda que já vi na vida. E Machupicchu é tão cheio de energia boa...Mas, como eu disse, pena que minha bateria já tinha acabado.







Esqueci de dizer algo importante: o Peru é um lugar barato, mas separem um bom dinheiro para os artesanatos. Tem coisa linda demais! Eu queria ter me acabado comprando tudo! Aliás, por que não fiz isso?????

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